Il castrati
Qual a distância entre realidade e ficção?
Quando nossa vida ganha uma trilha sonora?
Sei lá, como um filme... quando você está no meio de um acontecimento ou fase, liga o rádio e tá lá uma música que casa direitinho com seu humor... isso acontece comigo...
Foi assim com o álbum Toda cura para todo mal (o mais novo do Pato Fu) e com o Greatest Hits (da Cher - sim não me pergunte como).
Vivo um momento de solterice e tem um CD me acompanhando: I'm a bird now, de Antony and The Johnsons (2005, Secretly Canadian, capa acima). Conheci o grupo em uma apresentação ao vivo que fizeram no Latterman. Mais do que a compleição bissexual de Antony, sua voz me intrigou. Nunca tinha escutado nada tão triste e melancólico quanto sua intepretação. A associação de estilo e influência mais direta, ao menos em meu repertório, é com Nina Simone. Não a Nina do blues rasgado e sacana I want a little sugar in my bow, mas da inconsolável Don't smoke in bed.
Antony toca piano como a diva. E também lamenta como ela: sua a voz navega fantasmagoricamente entre registros masculinos e femininos, acompanhando melodias dúbias. A primeira música que escutei - You are my sister - era uma declaração de amor a alguém tão querido que deixara de ser uma simples amiga para se tornar uma irmã. De certa forma, estou a viver isso e o clima de Antony and the Johsons é um pouco o clima do meu coração.
Há mais de um mês, recebi o CD - só importando. Além de confirmar a beleza melancólica e estranha dessa banda, deu para sentir mais influências black como em Fistfull of love e que podem ser mais perturbadores como em Hope there's someone.
Os únicos pontos baixos recaem na prece feita com um convidado de sotaque misterioso e na curta duração total do CD - calculo em 50 minutos.
Antony ainda há de tocar por um bom tempo.
Mudando de assunto sem mudar de assunto: outra aquisição boa que fiz nesse mesmo período foi Extraordinay Machine (2005, Epic/Clean State, importado, capa acima), último CD de Fiona Apple. Eu, que tinha como referência somente seu primeiro, Tidal, percebi que Fiona amadureceu. Aparentemente mais leve e criativa, Fiona talvez tenha se desvencilhado um pouco da infância de abusos e violência. Talvez tenha deixado de cantar sobre dores e culpas para então tripudiar, com um pouco mais de violência, sobre quem lhe agride. Imperdível é a interpretação retrô da faixa título. Além do belo piano, da voz quente e levemente amarga, a cantora é dona de uma beleza - digamos - cativante.
Quando nossa vida ganha uma trilha sonora?
Sei lá, como um filme... quando você está no meio de um acontecimento ou fase, liga o rádio e tá lá uma música que casa direitinho com seu humor... isso acontece comigo...
Foi assim com o álbum Toda cura para todo mal (o mais novo do Pato Fu) e com o Greatest Hits (da Cher - sim não me pergunte como).
Vivo um momento de solterice e tem um CD me acompanhando: I'm a bird now, de Antony and The Johnsons (2005, Secretly Canadian, capa acima). Conheci o grupo em uma apresentação ao vivo que fizeram no Latterman. Mais do que a compleição bissexual de Antony, sua voz me intrigou. Nunca tinha escutado nada tão triste e melancólico quanto sua intepretação. A associação de estilo e influência mais direta, ao menos em meu repertório, é com Nina Simone. Não a Nina do blues rasgado e sacana I want a little sugar in my bow, mas da inconsolável Don't smoke in bed.
Antony toca piano como a diva. E também lamenta como ela: sua a voz navega fantasmagoricamente entre registros masculinos e femininos, acompanhando melodias dúbias. A primeira música que escutei - You are my sister - era uma declaração de amor a alguém tão querido que deixara de ser uma simples amiga para se tornar uma irmã. De certa forma, estou a viver isso e o clima de Antony and the Johsons é um pouco o clima do meu coração.
Há mais de um mês, recebi o CD - só importando. Além de confirmar a beleza melancólica e estranha dessa banda, deu para sentir mais influências black como em Fistfull of love e que podem ser mais perturbadores como em Hope there's someone.
Os únicos pontos baixos recaem na prece feita com um convidado de sotaque misterioso e na curta duração total do CD - calculo em 50 minutos.
Antony ainda há de tocar por um bom tempo.
Mudando de assunto sem mudar de assunto: outra aquisição boa que fiz nesse mesmo período foi Extraordinay Machine (2005, Epic/Clean State, importado, capa acima), último CD de Fiona Apple. Eu, que tinha como referência somente seu primeiro, Tidal, percebi que Fiona amadureceu. Aparentemente mais leve e criativa, Fiona talvez tenha se desvencilhado um pouco da infância de abusos e violência. Talvez tenha deixado de cantar sobre dores e culpas para então tripudiar, com um pouco mais de violência, sobre quem lhe agride. Imperdível é a interpretação retrô da faixa título. Além do belo piano, da voz quente e levemente amarga, a cantora é dona de uma beleza - digamos - cativante.
2 Comments:
Engraçado como eu também sou "premiada" com CD's que dizem muito sobre momentos que estou passando. Também foi assim com 'Toda Cura', 'The Invisible Band' do Travis, 'Something to Remember' da Madonna, 'Love Songs' dos Carpenters, e mais recentemente, 'Have a Nice Day' do Bon Jovi... nem sempre isso me faz bem.
Pois é...
Acho que todas as nossas vidas têm uma trilha sonora.
Atualmente a minha anda um pouco silenciosa nesse sentido.
Há alguns meses atrás, estava cercado de Air Supply.
Muito clip!
Me and Mrs. Jones do Billy Paul também... all the time.
Acho que agora estaria tocando Janis... Work me, Lord...
"Well I don´t think I´m any very special
Kind of person down here, I know better,
But I dont think you´re gonna find anybody,
Not anybody who could say that they tried like I tried,
The worst you can say all about me
Is that Im never satisfied."
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