terça-feira, fevereiro 19, 2008

Ele sempre volta

Deliciosa crônica de Voltaire de Souza, publicada no Agora. Imperdível!


CHUVAS DA MADRUGADA

Assaltos. Seqüestros. Robertão tomava o maior cuidado.
Carro novo. Dinheiro no bolso. Vida bem-sucedida.
--E a mulherada não reclama.
Ele estava voltando sozinho de um motel na Marginal.
Tinha deixado a bela morena Gilvanka perto da entrada de Guarulhos.
Estava perto do Sambódromo quando uma moto se aproximou.
O assalto foi rápido. E humilhante.
--Me deixa pelo menos com a cueca.
--Peladão, cara. Que eu gostei desse modelo.
De fato, era uma fina peça em seda pura.
Nudez. Desespero. A chuva das altas horas da noite.
Foi quando Robertão viu uma coisa brilhando na enxurrada.
Era um tapa-sexo feminino. Relíquia de um quente carnaval.
As lantejoulas douradas cobriam mal a privilegiada anatomia do rapaz.
Mas atraíram o dr. Pedrosa. Que dirigia seu Subaru em estado de adiantada embriaguez.
A carona foi bem-vinda. O beijo também.
Robertão descobre novos prazeres no apê do engenheiro aposentado.
O Carnaval pode passar. Mas não se escondem para sempre os desejos mais ocultos.

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